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Rubens: "Via aquelas marcas na parede e imaginava o que a Silvana pensava”

Barrichello conta como foi participar das 500 Milhas de Indianápolis, fala da reação da família e sobre ser melhor estreante

Rubinho em ação nas 500 Milhas de Indianápolis

Após ser o melhor estreante das 500 Milhas de Indianápolis na semana em que completou 40 anos, Rubens Barrichello concedeu entrevista à Rádio Jovem Pan e comentou como foi correr na lendária pista estadunidense. Entre diversos assuntos, o piloto brasileiro abordou o clima pré-corrida, momentos chave e o que foi no decorrer da prova.

“Foi tudo muito na paz, as crianças estavam muito tranquilas, a Silvana estava em um momento muito legal também. As famílias se comunicam demais. Eu vi o Dudu jogando bola com o Viso, brincando com o cachorro do Dario Franchitti, e então é bem legal. Você corre, dá duro, mas também consegue ter uma vida social. Eu cheguei a ver algumas marcas de batidas na parede e pensei no que a Silvana estaria pensando, mas mostrei tranquilidade para ela, falei que a corrida foi uma loucura legal. Ninguém consegue imaginar o que é seguir um carro a 370 km/h na curva, se você achar que dá, mas não dá, não tem área de escape, o muro está ali. Foi uma corrida bem legal", disse Rubinho, que terminou na 11ª colocação.

Barrichello gostou também da experiência de passar um mês praticamente “enfurnado” da pista, já que as atividades para a Indy 500 começam muito antes.

“Apesar de já ter vivido muita coisa com carros de corrida, nunca tinha passado essa experiência de Indianápolis, andando o mês inteiro. Você pode acertar o carro, treinar. Você chega no outro dia, o vento muda e o carro não está legal. Você fica dormindo ali dentro, fala só de Fórmula Indy, então, ao mesmo tempo em que o lugar te consome, produz uma energia que é contagiante”.

“Fui aprendendo enquanto as coisas foram acontecendo. No Brasil temos a ideia que são quatro curvas e é muito fácil. Começou na minha primeira saída do box, quando o carro estava puxando para a esquerda, e eu retornei falando que tinha algum problema e eles disseram que era assim mesmo. Na reta você segura o volante, mas para começar a fazer a curva é só soltar o volante. Tive que colocar um apoiador na cabeça, pois você não consegue segurar a força G. Você tem de colocar o pescoço no lugar antes de entrar na curva. São tantas coisas para você saber que só passando pela experiência dá para contar.”

Rubens estranhou um pouco o esquema de concentração para a prova. São muitos afazeres e praticamente não há tempo para que o piloto consiga focar por inteiro na corrida, na largada, de como fazer uma estratégia.

“Tudo começa muito antes, diferente da F-1, lá você faz um trabalho de relações públicas, você tem uns 40 minutos para se concentrar. Na Indy você tem 15 minutos para você e depois já vai para a apresentação. Você se apresenta para o publico, e para todos aqueles que estão presentes. É um período muito curto. Você fica vivenciando tudo aquilo. Não sabia o que esperar da minha primeira largada. O Tony [Kanaan] chegou até a alertar: 'Amarra bem o capacete se não ele sai voando', e é mais ou menos assim. A turbulência é muito grande. E o fato de ter todo mundo do meu lado, minha esposa, meus filhos, os patrocinadores, a BMC, Locaweb... A Fórmula Indy proporciona algo muito bom para o público, mas você não tempo de se concentrar. Sentei no carro, dei umas voltas de apresentação e uma mensagem no meu volante indicava que eu tinha problema na bomba de combustível. Fiquei mais preocupado com isso do que com a largada em si. Quando acelerei em quarta marcha, o carro deu uma falhada e fui lá para trás. Mas foi uma emoção muito grande".

Nas 200 voltas da prova, Rubens pôde dividir a corrida em duas áreas. Uma prova foi da largada até a volta 180, e a outra da 180 até o final. À Jovem Pan, ele disse que realmente não esperava ver um final como aquele.

"Eu tive momentos na prova que fui aprendendo. Até a volta 180 a prova é uma , mas nas últimas 20 voltas a corrida é completamente diferente, e, quando eu vi o Oriol Servia fora da linha, eu pensei: 'vai bater'. Mas isso é experiência. Eu não podia levar meu carro para lá sem saber se iria bater ou não. Foi uma experiência toda renovada, mas nos meus minutos finais de prova eu não estava preparado. Os pilotos mudam muito de atitude. Nas primeiras 180 você consegue levar, mas nas últimas 20, foi bem complicado. Sempre com muito respeito. Uma coisa bem diferente eram os 'spoters', que ficavam na curva 1 e na curva 3 e falavam o tempo todo: inside, inside, outside, outside, que é por dentro, por dentro, por fora, por fora e isso ninguém vê. Não tem essa noção. Foi uma sensação muito agradável".

E não foi só Rubens que andou bem em Indianápolis. Os pilotos da KV Racing desempenharam um grande papel, principalmente Kanaan, que chegou a liderar com poucas voltas para o fim e foi terceiro. Desta passagem, Rubinho contou uma parte curiosa:

“A prova do Tony foi excelente, inclusive na última bandeira amarela, o rádio abriu e me perguntaram como estava o carro. E foi quando eu vi que o Tony estava liderando. Dei um berro: 'O Tony está liderando, o Tony está liderando' e eles: 'Tudo bem, mas como está o carro?' (risos). Foi muito bom pelo amigo. Eu sabia que seria muito difícil para ele, pois a Honda estava muito rápida na reta, e, apesar do esforço da Chevrolet, seria muito difícil. Eu estava andando ali no bolo, andando meio por perto. Tive algumas dificuldades de ultrapassagem por falta pura de experiência. Não é igual na Fórmula 1 que você pega o vácuo, tira de lado e ganha na freada. Na Indy não tem freada. O máximo que você faz é tirar o pé quando o carro sai de frente. Levei umas bronquinhas dos meus amigos Dario e Dixon que disseram que eu ia bater nos treinos, pois estava indo na linha branca na curva. Estava tentado aprender o traçado. É uma coisa que aprendemos só andando mesmo”.

Após a prova da Indy, Rubens testou no oval de Milwalkee e pôde sentir como é andar em um oval totalmente diferente de Indianápolis.

"Testei em Milwalkee, serão duas curvas com pouca inclinação, de altíssima velocidade, você faz a 280 km/h, mas a pista é parecida com um autódromo, o carro vai escorrendo, tudo bem que você tem o muro, mas é bem parecido, foi uma experiência super válida. De todos meus testes, o mais louco foi no Texas, a inclinação é muito grande. Estou andando com tranquilidade e vivendo minha experiência", finalizou o piloto.

Rubens já volta à pista neste fim de semana para a corrida de Detroit, dia 3. A prova do oval de Milwalkee será em 16 de junho.

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