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Após bater na trave da F1, Jimenez pode ser campeão mundial de carros elétricos

Piloto brasileiro de 35 anos lidera a Jaguar I-Pace eTrophy, que chega à sua rodada final em Nova York, neste fim de semana

Sérgio Jimenez, Jaguar Brazil Racing Cacá Bueno, Jaguar Brazil Racing

No próximo fim de semana, a Jaguar I-Pace eTrophy chega à sua grande final em Nova York. A categoria de carros elétricos vive sua temporada inaugural e dois brasileiros têm chances de título. Companheiros de equipe, Cacá Bueno e Sérgio Jimenez estão fortes no páreo. O último, aliás, lidera o campeonato. Com 107 pontos, Jimenez tem seis de vantagem para Bryan Sellers e 16 para o conterrâneo, podendo conquistar seu primeiro título mundial.

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"Não consegui no kart, então vai ser no turismo, se Deus quiser", comentou o piloto de 35 anos, com exclusividade ao Motorsport.com (confira curiosidades sobre o paulista em vídeo no fim desta matéria). Ele garante estar tranquilo para a disputa, sem projetar o título: “Sinceramente, não penso muito nisso. Na verdade, tenho que manter o que estou fazendo. O foco é esse".

Jimenez, porém, reconhece a grandeza do momento. "Estou na melhor fase da minha carreira. Consegui me encaixar em um lugar bacana e estou disputando um título mundial. Tenho bons patrocinadores e recebo para correr, então estou no melhor nível, com certeza".

Superação

A iminência da conquista vem 12 anos depois da participação do paulista na antiga GP2 (atual Fórmula 2), categoria de acesso à Fórmula 1. "Na GP2, eu estava correndo atrás de um sonho. Era aquele negócio: dormia em albergue, não tinha dinheiro, precisava correr atrás de patrocínio toda hora para conseguir correr. Ali era um sonho de moleque", relembra o piloto, que disputou três etapas no começo de 2007.

"Era um negócio meio irreal e se eu contar tudo que passei para chegar lá... Foi uma baita experiência, mas faltou patrocínio para eu poder continuar, guiar tranquilo, morar lá e fazer um trabalho só pensando nisso, sem me preocupar. Eu não sabia se estaria na próxima corrida e tudo mais, guiar assim é a pior coisa que tem", relata Jimenez, que focou em campeonatos de turismo depois das dificuldades na GP2, motivadas também por questões financeiras.

"Isso faz toda a diferença", explicou o paulista, que é empresário e dono de um posto de gasolina na cidade de Piedade. "Vamos ao exemplo do próprio Max Verstappen: o pai [Jos] não foi um piloto excepcional, mas chegou na F1, então temos que tirar o chapéu. Ele criou o filho para chegar lá também".

"Como que um cara que tem uma família que não sabia de automobilismo vai seguir o mesmo trilho? Hoje em dia, é impossível. Acabou o romantismo. O esporte a motor é business há muito tempo e custa muito dinheiro, então é necessário super apoio e estar bem assessorado", pondera o piloto, cuja passagem na GP2 você relembra na galeria abaixo:

No começo da temporada 2007 da GP2, Jimenez foi anunciado como piloto da Racing Engineering
Além dele, Lucas di Grassi, Antonio Pizzonia, Xande Negrão e Bruno Senna eram os outros brasileiros
Jimenez correu três etapas. A primeira delas foi no Bahrein
Detalhe do brasileiro no cockpit do carro da GP2
Depois da abertura da temporada, Jimenez disputou a segunda etapa, em Barcelona
Na Espanha, o brasileiro conseguiu duas boas colocações: 5º e 7º
A rodada seguinte foi em Mônaco
Jimenez também correu no Principado pela Jaguar I-Pace eTrophy
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"Automobilismo não é só F1"

"Crescemos muito com essa cultura de F1 aqui no Brasil, porque viemos de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna e depois um monte de bons pilotos, com o Rubinho [Barrichello] e [Felipe] Massa na Ferrari. A minha geração começou a pegar isso e agora ainda mais: todos os filhos e netos de ex-pilotos estão querendo ir para a F1, o que é ótimo para a mídia".

Caso se consagre na Jaguar I-Pace eTrophy, Jimenez pode ter uma chance em outra grande categoria de monopostos: "O campeão tem um teste com a Jaguar na Fórmula E. Se eu tivesse uma chance, iria, porque ainda tenho vontade e idade. Seria uma mega oportunidade. Mas, por enquanto, mexi muito pouco com isso. Não fui fundo, quero esperar a temporada acabar".

"O teste é bacana. Dando certo ou não para uma negociação, já é interessante. Se não der para fazer o pulo no primeiro ano, o meu contrato no campeonato da Jaguar é de duas temporadas, então é um projeto de relativo longo prazo e vamos passo a passo".

Relação com Cacá Bueno

De todo modo, Jimenez ressalta que há muitos caminhos no automobilismo. No caso dele, o mais natural pós GP2 foi o de campeonatos de turismo. E foi em um desses que o paulista fez sua primeira parceria com Bueno: "Nós também corremos juntos na Blancpain GT por três anos, no BMW Team Brasil [fotos abaixo]".

O primeiro ano de Jimenez na Blancpain foi em 2013
O primeiro parceiro do piloto foi Ricardo Zonta, que passou pela Fórmula 1 e está na Stock Car
No ano seguinte, começou a primeira parceria entre Jimenez e Bueno
Cacá aparece no carrro da BMW que dividia com o companheiro
Jimenez e Cacá conquistaram pódios na categoria
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"Por dois anos (2014 e 2015), dividimos o mesmo carro, então temos uma afinidade muito boa. Estaremos disputando, o automobilismo é isso, mas depois segue a vida. O fato é que estamos fazendo um bom trabalho, escrevendo uma história bonita com a Jaguar Brazil Racing".

Ele garante que a disputa será, sobretudo, limpa: "O Cacá quer ganhar e eu também quero. Mas a gente vai seguir com o trabalho normal, não tem que inventar muita moda. Cada um defendendo seu interesse, claro, mas com respeito de ambos, o que é o mais importante".

"Mais do que disputar o título, a gente tem o outro lado que fazemos bem, fora da pista. No acerto da equipe, com os patrocinadores. A gente conseguiu trazer a Zeg e a iCarros. Em todas as etapas, recebemos convidados. Essa experiência que a gente entrega está sendo muito positiva e todos estão contentes, junto com a Jaguar Brasil, que é a nossa 'mãe' e a fiadora do projeto", explicou.

Jimenez também destaca que pode se beneficiar de um bom desempenho do companheiro: "Para mim, é importante que ele ande bem, porque é um bom sinal para o meu carro e ele tira pontos do Bryan. Nas duas últimas corridas, o Cacá venceu, mas eu sempre estive bem próximo em segundo".

"Se o Cacá andar bem, eu também vou estar bem, o que é bom. Principalmente nas últimas etapas, porque o Bryan é o concorrente principal, então se o Cacá está ali na frente comigo, o Bryan deve estar em terceiro, o que, para mim, é interessante". O norte-americano da Rahal Letterman Lanigan Racing aparece apenas seis pontos atrás de Jimenez e ainda está forte na briga, já que a rodada final é dupla.

Desfecho do campeonato

Para a etapa de Nova York, o brasileiro nutre otimismo. Até por conta do retrospecto durante toda a temporada: "Minha meta desde o começo era tentar ser o mais constante possível, e foi o que eu fiz. Modéstia à parte, consegui praticamente todos os pódios, menos em Sanya, onde me tiraram".

"Digo tiraram porque eu passei o cara legitimamente e me puniram com apenas 1 segundo, suficiente para trocar a posição. Senão, eu teria feito pódio em todas as etapas. Para uma categoria competitiva, de nível mundial, isso é bem relevante".

"Acho que fiz um ótimo campeonato. A meta era chegar como líder na última etapa, o que foi atingido. Lógico que eu queria ter mais pontos de vantagem (risos), mas faz parte. Não é nada mal estar seis pontos na frente. Mesmo que o Bryan ganhe e eu chegue em segundo na primeira corrida, ainda me mantenho na liderança, o que é muito importante".

Cacá Bueno e Sérgio Jimenez
Sérgio Jimenez é cumprimentado no pódio
Sérgio Jimenez, Jaguar Brazil Racing
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O objetivo, porém, é vencer: "Agora é ir para última etapa com foco total. A gente sabe que a classificação está mandando muito neste campeonato. No automobilismo em geral, mas principalmente neste, pelos carros serem extremamente iguais, o que dificulta a ultrapassagem".

"Até pelas pistas serem muito estreitas. São traçados de rua com carros largos, então só passa meio que arrastando, esmagando. Se o cara não erra, é praticamente impossível, mas essa é a graça do campeonato. Por isso, a classificação é tão importante e vamos tentar ir bem na primeira prova para chegar com um pouco mais de folga na segunda".

"Vou tentar acertar uma boa volta para brigar pela primeira fila, pelo menos. Tenho que marcar bem o meu principal concorrente, que é o Bryan. O Cacá está ali também, claro, mas um pouco mais distante. O principal é fazer um bom trabalho e trazer esse título para nós", comentou Jimenez.

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