Em recomeço difícil, Granado diz que esperava mais
Piloto brasileiro se chateia com falta de desenvolvimento do chassi e não vê trabalho conjunto com companheiro de equipe “complicado”
Campeão europeu de Moto2 no último ano, o brasileiro Eric Granado não começou bem sua temporada de retorno ao Mundial de Motovelocidade. O piloto da Forward sofreu com diversos problemas mecânicos até aqui em uma moto praticamente desconhecida para ele.
O chassi Suter, utilizado pelo time de Eric, a princípio nem seria usado nesta temporada. No entanto, a Forward, que negociava com outras fábricas, resolveu trazer de volta a fornecedora suíça. Porém, Eric diz que o desenvolvimento até aqui não foi o ideal.
“Estamos esperando algumas atualizações da Suter”, falou ele em entrevista ao Motorsport.com.
“Eu confesso que esperava um pouco mais de apoio da fábrica, como falaram no início, mas eles não foram para a Argentina, não irão para os EUA, e isso conta muito. Então, vou fazer o melhor que eu puder com o que tenho. Assim que essas novidades chegarem, vamos ver se o trabalho na fábrica surtiu efeito.”
“Foi um começo meio difícil, a gente não conseguiu fazer a quantidade de treinos que a gente precisava na pré-temporada com pista seca. Choveu muito. No Catar, foi o que foi: tivemos vários problemas na moto. Quebrou o meu motor, tive problema no radiador e ainda soltou o banco na corrida. Nem consegui pilotar quase.”
“Na Argentina, nós tivemos todos os treinos bons, não tive problemas na moto – mas infelizmente foram condições mistas. Choveu, fez calor, ventou e é difícil acertar a moto assim. Só tivemos um treino no seco, e aí fomos correr. Cheguei com um acerto totalmente fora. Foi um final de semana difícil, mas nós já estamos melhorando a moto. O consumo de pneus melhorou, estamos indo até o fim da prova sem ter problemas. Em alguns pontos conseguimos evoluir, mas falta bastante para chegar onde gostaríamos”.
Granado considera que a pré-temporada prejudicada atrapalha bastante sua equipe, já que o chassi também é novo para a Forward.
“A pré-temporada é primordial, principalmente para quem tem um projeto novo, uma moto nova”, seguiu.
“A gente usa a pré-temporada para conseguir uma base sólida e preparar tudo. Não conseguimos isso. Em 11 dias que tivemos de treino, só tive três em pista seca. É complicado dessa forma, e com certeza isso colaborou pelo acerto da moto.”
Chassi precisa ser mais maleável
Para Eric, o principal problema do chassi Suter reside na falta de flexibilidade da moto no meio das curvas. Segundo brasileiro, isso faz a frente trepidar e tira aderência, o que prejudica a pilotagem.
“Primeiro, a gente precisa fazer este chassi ‘flexar’ um pouco mais”, disse.
“É um chassi muito rígido, muito duro. É uma moto que entra nas curvas e tem muita vibração frente no meio da curva. Ela é tão dura que não tem maleabilidade. A pilotagem é mais difícil e muito mais pesada. Na verdade, quando digo pesada me refiro a ela ser rígida – o peso dela é igual a das outras.”
“Precisamos encontrar um compromisso de fazer esta moto ser flexível e que não consuma tanto o pneu, porque é um conjunto. Este é o ponto. Temos que melhorar a velocidade também, já que não estamos tão bem de top speed. Faremos isso com aerodinâmica.”
Companheiro “complicado”
Granado tem dentro da Forward um companheiro com praticamente a mesma experiência, apesar de três anos mais novo. Piloto da academia de Valentino Rossi, Stefano Manzi não andou bem no último ano, quando esteve na Sky VR46.
Indo para a Forward neste ano, ele enfrenta os mesmos problemas de Eric, no entanto o brasileiro se queixa da falta de espírito de equipe do italiano de 19 anos.
“Ele é complicado”, reconheceu Granado.
“É um piloto bem estranho: tem dia que vai rápido e tem dia que não vai. Não dá para tê-lo muito como referência. O difícil é que ele não é muito experiente.”
“Ele é um piloto rápido, mas para ele é só subir na moto e andar. Está sendo complicado para compartilhar informação, pontos de vista, onde ele vai e onde não vai. É complicado, mas é um cara rápido. É importante ter um cara rápido como companheiro.”
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