De onde surgiu a polêmica dos títulos de Marc Márquez na MotoGP?

Correndo neste fim de semana em Motegi, Marc Márquez pode levantar sua nona coroa no Mundial de Motovelocidade, sendo o heptacampeonato na classe rainha, a MotoGP. Mas por que há tanto alvoroço em relação ao número de títulos que o piloto da Ducati deve celebrar no GP do Japão (ou posteriormente)?

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A questão é a seguinte: a partir de 2025, a Dorna dará mais ênfase às conquistas na MotoGP do que nas categorias inferiores. Embora muitos apontem a Liberty Media como a responsável pela ideia, a verdade é que a iniciativa teve origem nos escritórios da Dorna no início deste ano, antes da finalização da aquisição pela empresa americana.

A ideia é fortalecer a imagem da marca "MotoGP", valorizá-la e tentar ampliar seu alcance global, levando-a a mais pessoas e aumentando a conscientização em partes do mundo onde ela ainda é bastante desconhecida. Como parte da reformulação, o logotipo da série foi alterado no final do ano passado em um investimento significativo na imagem da marca, tornando a própria palavra "MotoGP" o foco do campeonato.

A partir de então, as estatísticas da categoria rainha foram totalmente unificadas, abrangendo tanto a era das 500cc quanto a era atual, que começou em 2002.

"A partir deste ano - e foi uma decisão tomada antes do final da temporada, o que significa que não tem nada a ver com a possibilidade de Márquez ganhar o título - o organizador do campeonato mundial começou a contar os títulos da MotoGP e a falar cada vez mais sobre a MotoGP, em vez das outras categorias", explicaram fontes do campeonato ao El Periodico de Catalunya.

"Nesse sentido, o que comemoraremos em Motegi se Márquez conseguir encerrar o campeonato será seu sétimo título mundial de MotoGP. Isso também significa que começamos a usar 'MotoGP' em vez de 'classe rainha' ou 500cc/MotoGP".

Podium: race winner Marc Marquez, Repsol Honda Team

Pódio: vencedor da corrida Marc Marquez, Equipe Repsol Honda

Foto de: Gold and Goose Photography / LAT Images / via Getty Images

O problema surgiu quando se tratou de contar os títulos, já que há muitos pilotos que têm campeonatos em várias divisões, como Valentino Rossi (7+2), Jorge Lorenzo (3+2), Francesco Bagnaia (2+1) e o atual líder de pontos Marc Marquez, que tem seis títulos na MotoGP, além de um na Moto2 e outro na 125cc.

E há outros casos mais problemáticos do que esses. Décadas atrás, o Mundial era tratado como uma série de classes equiparáveis. Muitos pilotos chegavam a disputar mais de um campeonato no mesmo ano. Neste contexto, Giacomo Agostini, o maior campeão de motos da história "perderia" sete de seus 15 títulos, conquistados nas 350cc, enquanto Ángel Nieto, o segundo maior, ficaria sem nenhum, já que todos seus 13 troféus foram das classes 50cc e 125cc.

Neste fim de semana, Marquez tem uma forte chance de adicionar mais um campeonato à sua contagem, empatando com os nove títulos de Rossi em todas as categorias em uma busca que, na opinião pública, tem maior importância. É por isso que os fãs reagiram fortemente à ideia de que Márquez talvez não pudesse comemorar seu nono título e empatar com Rossi, mas essa noção é completamente ridícula.

A realidade é que o piloto espanhol vencerá seu nono campeonato mundial e o sétimo título da MotoGP este ano. É simples assim.

"Essa questão foi discutida com Marc, e ele a entende perfeitamente. Vamos comemorar e ajudá-lo a comemorar seu sétimo título de MotoGP, mas ninguém vai tirar os outros dois campeonatos dele", explicaram fontes da alta administração da Dorna.

"Giacomo Agostini será oito vezes campeão de MotoGP, Marc Marquez será sete vezes campeão de MotoGP, Valentino Rossi será sete vezes campeão de MotoGP e Mick Doohan será cinco vezes campeão de MotoGP. Mas, é claro, ninguém vai tirar o título de ninguém. Agostini é, antes de tudo, oito vezes campeão de MotoGP, mas é claro que ele ainda é 15 vezes campeão mundial".

O próprio Márquez foi certeiro nesta quinta-feira, antes do GP do Japão, ao colocar o legado acima das estatísticas, mais uma vez falando de sua admiração por Lionel Messi: "Sou um grande torcedor do Barcelona, mas não me lembro de quantos prêmios Ballon d'Or Messi tem, embora eu saiba o que ele significou para o futebol", disse ele.

Falando diretamente sobre a comemoração, se ele mostraria um "sete", como a Dorna pede, ou um "nove", como ele deseja, Márquez foi diplomático: "Não está em minhas mãos. É claro que os números são muito importantes, mas o mais importante é que as pessoas se lembrem de mim, pois dou tudo de mim na pista. Eles não estão em minhas mãos, mas o mais importante é aumentar esses números. Não importa como".