Márquez revela o quão próximo esteve de se aposentar da MotoGP

Quem vê hoje um Marc Márquez com uma autoconfiança inabalável, em meio a uma das temporadas mais dominantes da história da MotoGP, mal sabe que, há apenas alguns anos, o espanhol não via uma luz no fim do túnel para a crise que vivia após os acidentes de 2020.

A ideia de desistir era real

Márquez lembra: "Eu vinha de conquistar quatro títulos consecutivos. Você se sente invencível, como se nada pudesse acontecer com você". Esse sentimento também o levou a retornar cedo demais. "O maior erro foi o retorno em Jerez. Mas confiei em meus instintos e eles disseram: corra!".

As consequências foram dramáticas. Apesar de várias operações, o braço não se curou adequadamente. "O momento mais difícil foi em 2021, quando voltei a pilotar e imediatamente senti que algo estava errado. Meu braço parecia torcido e eu sentia dores todos os dias."

Nessa situação, Márquez questionou seriamente sua motivação para continuar. A aposentadoria não era mais um cenário distante, mas uma opção real.

"Estava perto, muito perto", diz o espanhol hoje, quando perguntado sobre a ideia de se aposentar. "A pergunta era: por que não paramos?" Mas havia resistência em seu interior: "Eu queria responder à pergunta para mim mesmo: ainda sou competitivo? Para fazer isso, eu tinha que pilotar a melhor moto".

E essa era a Ducati. A decisão de deixar a Honda e mudar para a Gresini - mesmo sem salário - foi um corte radical. "Eu me esqueci dos relacionamentos, do dinheiro, da história. Tratava-se apenas de provar a mim mesmo que eu ainda podia competir na frente. Se eu não tivesse conseguido, teria sido isso".

O irmão Álex, em particular, ajudou decisivamente durante esse período. "Seus conselhos foram importantes. Sem ele, talvez eu não tivesse me atrevido a dar esse passo."

A resposta para a grande pergunta ficou clara: Márquez não estava apenas competitivo, ele estava de volta à frente. A mudança para a equipe oficial da Ducati foi a confirmação final de seu retorno bem-sucedido.

"Eu sabia que estava na posição perfeita para lutar pelo campeonato mundial. Mas o fato de estarmos conquistando tantas vitórias, mesmo em pistas que normalmente são difíceis para mim, é algo que ninguém poderia ter previsto", disse o próprio Márquez, expressando sua surpresa.

Duelo de irmãos no mais alto nível

Hoje, ele é mais uma vez o piloto que sempre quis ser: determinado, agressivo e a referência na luta pelo título. A temporada ganhou um sabor especial devido à situação especial no campeonato mundial: Marquez está liderando com o irmão Álex em segundo lugar.

"Isso não parece real. Ainda não sei como chegamos a essa situação. Normalmente, algo assim poderia criar tensão, mas o oposto é o nosso caso. Nosso relacionamento está mais próximo do que nunca", diz Márquez.

Eles até falam sobre o Mundial nos cafés da manhã em família. Depois de um de seus segundos lugares, Álex disse com uma risada: "Por que eu realmente o aconselhei a ir para a Gresini?".

Marc e Alex Marquez recentemente comemoraram juntos no pódio em Misano

Foto: Gresini

O que resta é a certeza de que Márquez pode encerrar sua carreira de cabeça erguida, não importa quando ela termine. "Se você tentar, não significa que vai conseguir. Mas é um sucesso até mesmo tentar. Porque se você não tentar, nunca saberá".

"Quando dou um passo atrás, sei que mais do que tentei não teria sido possível." Essas palavras completam um círculo: Márquez encontrou seu caminho de volta da crise mais profunda, que quase significou o fim de sua carreira, e está de volta onde sempre quis estar: no topo.