MotoGP: Martín desiste de romper com Aprilia; entenda como se deu a reviravolta
Declaração de Carmelo Ezpeleta foi o ponto final nas esperanças do espanhol em trocar a marca italiana pela Honda

Ao longo da sexta-feira no GP da Alemanha de MotoGP, ficou cada vez mais claro que o impasse contratual de Jorge Martín com a Aprilia chegou ao fim. O campeão mundial cumprirá seu contrato de dois anos, permanecendo na equipe até 2026.
Mas o que foi que pôs fim a um impasse que começou no GP da França, em maio, logo após o Motorsport.com ter revelado a história ao mundo? No final, foi a intervenção do CEO da Dorna, Carmelo Ezpeleta, em Assen, que enterrou as esperanças de Martín de ser liberado de seu contrato com a Aprilia para assinar com a Honda para a próxima temporada.
O impasse entre o campeão espanhol e a fabricante italiana terminou efetivamente, exatamente no momento em que Ezpeleta avisou que nem a Dorna nem a IRTA - a Associação de Equipes - registrariam qualquer piloto com um conflito não resolvido com uma equipe ou fabricante.
"Não aceitaremos a inscrição no campeonato mundial de nenhum piloto que não esteja livre, seja por decisão de um juiz ou por ter chegado a um acordo com a outra parte", disse Ezpeleta.
Essas palavras do principal executivo do campeonato anularam a estratégia do piloto e de seu empresário, Albert Valera. Ao mesmo tempo, eles apoiaram a posição da Aprilia de que a cláusula de liberação do contrato era inválida devido à lesão de longa duração de Martín.
Após alguns dias de reflexão e antes de seu esperado retorno às corridas na próxima semana em Brno, o piloto espanhol decidiu renunciar ao que considera seu direito contratual e se concentrar nas corridas, continuando com a Aprilia em 2026, conforme relatado pelo Diario AS nesta sexta-feira.
Para entender tudo o que levou Martín a esse ponto, precisamos voltar ao sábado do GP da Itália de 2024, em junho passado. Naquele dia, Valera percebeu que a Ducati não daria continuidade a um acordo verbal feito na semana anterior para promover Martin à sua equipe de fábrica. Em vez disso, a fabricante escolheu Marc Márquez, informando Martín na noite de domingo que ele havia passado de selecionado a rejeitado.
Após essa decepção, Valera entrou em contato com a Honda, que já havia demonstrado interesse em Martín semanas antes e agora reafirmou seu compromisso de contratá-lo. Ao mesmo tempo, Aleix Espargaró - na época ainda o "capitão" da Aprilia - entrou em cena. O piloto conversou com o CEO da Aprilia, Massimo Rivola, e o encorajou a agir rapidamente com uma oferta.
Um acordo foi redigido durante a noite e assinado na manhã de segunda-feira. Valera informou Martín sobre a oferta da Honda, que era significativamente mais lucrativa, mas o piloto acreditava que a moto japonesa não estava no mesmo nível da RS-GP. Mesmo assim, para cobrir suas bases, Martín adicionou uma cláusula ao contrato que, em teoria, lhe daria uma rota de fuga para 2026.

Jorge Martin, evento da Aprilia em Misano
Foto de: Aprilia Racing
A ativação dessa cláusula parecia simples: se, após as seis primeiras corridas da temporada, ele não estivesse entre os cinco primeiros na classificação, estaria livre para assinar com a Honda - e somente com a Honda.
Uma semana antes do prazo final, que coincidiu com o GP da França, a Aprilia informou a Martín que considerava a cláusula inválida, já que sua lesão o havia impedido de participar de qualquer corrida até aquele momento. Martín viajou secretamente para Le Mans para notificar a Aprilia de que, mesmo assim, estava ativando a cláusula. Ele também se reuniu com Ezpeleta, que, mesmo assim, deixou claro que não aceitaria a mudança e que Martín teria de manter o contrato de dois anos que havia assinado.
Todas as partes envolvidas tentaram manter a disputa em sigilo. Mas quando o Motorsport.com divulgou a história, as tensões entre Martín e a equipe dispararam. 10 dias depois, antes do GP do Reino Unido, a Aprilia quebrou seu silêncio com uma breve declaração:
"A Aprilia Racing nega que tenha havido qualquer negociação entre as partes para modificar a duração do contrato, que permanece como originalmente acordado. A equipe não comenta assuntos que não lhe dizem respeito diretamente, mas espera que outras equipes evitem fazer qualquer tipo de oferta a pilotos que estejam sob contrato. Tal comportamento, de qualquer forma, não seria legítimo."
Essa declaração foi claramente dirigida à Honda, que Rivola já havia advertido em particular em Le Mans.

O gerente Albert Valera fala com Massimo Rivola, diretor esportivo da Aprilia
Foto de: Mirco Lazzari GP - Getty Images
Quando o contrato foi redigido, os advogados de Martín tentaram garantir que quaisquer disputas legais fossem resolvidas pelo Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), mas a Aprilia insistiu que elas fossem tratadas nos tribunais de Milão.
Com a equipe de Martín se sentindo encurralada, Valera tentou agitar a panela em Assen, em um gesto destinado à Honda. Durante uma transmissão ao vivo da MotoGP, ele disse: "Jorge Martin é livre para assinar com quem ele quiser para 2026".
No entanto, essa atitude provocou a resposta decisiva de Ezpeleta, reforçando a posição da Aprilia e sua recusa em negociar qualquer tipo de liberação. Valera chegou a propor uma compra, mas o valor exigido pela Aprilia era totalmente inviável. Daquele momento em diante, o plano de fuga foi completamente encerrado, e Martín aceitou que não usaria o equipamento da HRC antes de 2027.
A postura da Aprilia, totalmente apoiada pela empresa controladora, o Grupo Piaggio, foi a de permanecer firme a cada passo. Ao mesmo tempo, a equipe expressou consistentemente sua intenção de conquistar o atual campeão com um projeto de MotoGP que progrediu substancialmente desde o início do ano, com Marco Bezzecchi vencendo em Silverstone.
Essa abordagem ficou evidente durante o dia de testes de quarta-feira em Misano, quando Martin voltou a pilotar pela primeira vez desde que se machucou no Catar. O teste contou com a presença da cúpula da equipe, que reiterou sua abordagem conciliatória na sexta-feira em Sachsenring.
Quase dois meses depois do dia em que a história foi divulgada, o resultado final é que Martin decidiu se render. Ele correrá com a Aprilia até o final de 2026, com o objetivo de manter seu status como um dos principais concorrentes no campeonato. Depois disso, ele poderá decidir livremente seu futuro - que, por enquanto, parece improvável que envolva a Aprilia. O tempo dirá se a Honda ainda está interessada em Martin para 2027.
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