MotoGP: Sede do GP da Indonésia é alvo de críticas da ONU por violações aos direitos humanos

Construção do resort de Mandalika, onde fica a pista, é acusada de expulsão da população local e destruição de fontes de água e locais religiosos

Mandalika visits

A MotoGP anunciou na manhã desta sexta (09) que o Mundial voltará a disputar o GP da Indonésia em 2022, no Circuito de Rua de Mandalika. Mas o anúncio foi rapidamente cercado de controvérsias, após a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgar um relatório que cita graves violações aos direitos humanos na ilha de Lombok, relacionado à construção do resort de Mandalika, que abrigará o evento.

A pista é parte de um projeto de turismo de quase R$17 bilhões na ilha de Lombok, que inclui hotéis e um campo de golfe. Além da corrida a partir de 2022, a MotoGP mira um teste coletivo no local no fim do ano, enquanto o Mundial de Superbike está marcado para correr lá em novembro.

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A proposta original era de que o GP da Indonésia voltasse já em 2021, mas o projeto foi adiado por conta da pandemia, mas o circuito de Mandalika apareceu como uma pista reserva no calendário deste ano. Segundo a MotoGP, o evento deve ocupar uma vaga em março no próximo ano.

Mas um comunicado conjunto divulgado em 31 de março pelo Relator Especial da ONU em pobreza e direitos humanos, Olivier De Schutter, destacou a destruição de casas, campos, fontes de água e locais culturais e religiosos, além da expulsão de moradores locais.

O relatório diz que os moradores foram ameaçados e expulsos à força sem compensação, com a informação vinda de "fontes críveis". O projeto recebeu um investimento privado de quase R$6 bilhões, gerenciado pelo Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura (AIIB).

O relatório criticou a falta de diligência do AIIB e o considera "cúmplice" nos abusos contra os direitos humanos e sua falha em preveni-los.

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Photo by: Dorna

"Sob a luz da triste história de violações aos direitos humanos e grilagem de terras na região, o AIIB e seus negócios não podem olhar para o outro lado e seguir como se nada tivesse acontecendo", disseram os especialistas consultados para o relatório.

"Sua falha em prevenir e lidar com os riscos nos abusos de direitos humanos equivale a ser cúmplice em tais abusos".

De Schutter ainda disse: "O projeto de Madalika coloca à prova os louváveis compromissos da Indonésia aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e coloca à prova suas obrigações com os direitos humanos".

"Desenvolvimento de um turismo em larga escala que ignora os direitos humanos são fundamentalmente incompatíveis com o conceito de desenvolvimento sustentável. Passou o momento de que circuitos de corridas e infraestruturas massivas de turismo transnacional deixarem de beneficiar apenas alguns poucos atores econômicos em vez de toda a população".

"As economias pós-Covid devem focar no empoderamento de comunidades locais, reforçando seus modos de vida e participação no processo de tomada de decisão".

"Pedimos ao governo da Indonésia que respeitem os direitos humanos e a lei, além de que o AIIB e negócios privados não financiem ou se comprometam com projetos e atividades que contribuem a violações e abusos aos direitos humanos".

O CEO da Dorna Sports, Carmelo Ezpeleta, visitou o circuito recentemente e destacou a importância da Indonésia para os planos futuros da MotoGP.

"A visita a Lombok foi bem-sucedida e podemos confirmar que o Circuito Internacional de Rua de Mandalika será uma das pistas mais importantes do calendário no futuro. Sabemos também que os fãs da Indonésia comparecerão em peso ao GP, que se tornará um dos mais icônicos da temporada".

"A Indonésia é um mercado chave, não apenas para a Dorna mas para todos os investidores do campeonato".

A MotoGP correu pela última vez em 1997 no Circuito de Sentul, com a Honda vencendo na classe principal com Mick Doohan em 1996 e Tadayuki Okada no ano seguinte. O Circuito de Mandalika será a primeira pista de rua da MotoGP desde o GP da Iugoslávia em 1977, em Opatija, na Croácia.

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