CEO da Stock Car rebate críticas à segurança do carro e manda recado para Baptistas
Lincoln Oliveira falou com exclusividade ao Motorsport.com antes da Grande Final que acontece neste fim de semana em Interlagos
Foto de: Duda Bairros
Neste fim de semana acontece a última etapa da temporada de 2025 da Stock Car, em um ano repleto de novidades, especialmente no que tange ao novo carro da categoria implementado neste campeonato.
Questões ligadas à confiabilidade e, especialmente, à segurança foram colocados no decorrer do certame, mais intensamente após a etapa de Brasília. A capital federal voltou a receber uma etapa da principal categoria do País, mas na sexta-feira de treinos foi palco de um dos acidentes mais fortes da categoria. Após rodada de Bruno Baptista na curva zero, JP de Oliveira atingiu o carro #44 fortemente, o que levou ambos ao hospital, mas sem ferimentos graves.
Após cirurgia na mão em São Paulo, Bruno voltou a criticar a categoria pela falta de segurança do novo carro. Antes, o piloto já havia entrado com um processo contra a Vicar, questionando, entre outros tópicos, a homologação do carro.
Lincoln Oliveira, CEO da Vicar, empresa que que gere e promove a categoria, atendeu ao Motorsport.com e negou peremptoriamente, que o carro seja inseguro.
“Foi um acidente horrível, muito forte, ali entre 130 e 140 km/h”, disse Lincoln, analisando a batida de Brasília. “Uma batida em T que é a pior que tem, dificilmente alguém não se machuca. O que a gente reforça é a segurança que o carro novo da Stock Car tem, que mesmo numa batida em T, nenhum dos pilotos se feriu gravemente ou ficou com sequelas. Fizemos uma vistoria, a CBA lacrou o carro, levou para a AudaceTech para vistoria de todas as empresas envolvidas, e isso virou protocolo nosso.”
“Temos grandes empresas, empresas globais, como a ArcelorMittal que é uma companhia presente no mundo inteiro, em mais de 100 países, fornece aço para a indústria automobilística toda. Temos o IPT (Instituto de Pesquisa e Tecnologia do Estado de São Paulo) eles projetam até fuselagem de avião.”
Na sequência, Lincoln repassou todo o processo de desenvolvimento do carro, especificamente sobre os itens de segurança.
“Quando eu disse que queria fazer carro novo, eu já tinha preocupação com a segurança, porque o carro anterior estava na pista há 15 anos e não teve nenhum estudo tão forte em cima dele. Chamamos o IPT, ArcelorMittal, e juntos começamos a fazer trabalho de desenvolvimento. Isso levou quase dois anos.”
“A ArcelorMittal falou: ‘vou fornecer o aço’. Mas qual aço? Ela falou ‘vou pegar o que tem maior resistência e maior absorção de dissipação de energia em caso de impacto’. Então, esse foi o conceito. Aí, eles chegaram no DP 980R. Essa liga foi testada pelo IPT, foram feitas todas as simulações, e nós temos todos os documentos de simulação feito lá no IPT.”
“Então, pela primeira vez também, foi feito isso. O desenho, as simulações, todas feitas em software e depois nas máquinas de torção, de fadiga, de resistência e assim por diante. Isso tudo antes foi feito no processo fabril. Fomos atrás de uma empresa que fosse exatamente a melhor empresa para isso, a Despas, que trabalha com todas as montadoras, é uma empresa japonesa multinacional também, eu acho que talvez o Bruno, o pai dele, estejam equivocados de achar que isso aqui foi feito dentro da Audace, que a gente pegou algumas pessoas e falou ‘olha, conecta o tubo aqui, liga ali, vamos ler o que está escrito ali no regulamento da CBA e está tudo certo’. Não, não foi feito isso.”
Lincoln afirmou que o carro está homologado pela CBA e, mais do que isso, a Confederação esteve no desenvolvimento do auto.
“A principal coisa foi, eu só aceito fazer isso se o IPT falar que é seguro. Se ele falar que é seguro, a gente vai fazer. E foi feito exatamente o que o IPT determinou junto com a liga de aço, que foi feita pela ArcelorMittal.”
“Além disso, a CBA participou desde o início, o pessoal na área técnica, até em reunião junto no IPT. Então, todo o processo foi feito em conjunto. O que que aconteceu? Depois que terminou tudo isso, mandamos para a Espas, que foi fazendo.”
“Desenvolvemos uma proteção lateral, e para isso, nós chamamos a Dupont, para fornecer o Kevlar para nós. E aí, existem várias partes do carro que foram desenvolvidas com Kevlar para proteger para não ter problema com o piloto.”
Duplo protagonista na questão da segurança do carro, Bruno Baptista foi lembrado sobre as menções sobre o carro, junto com seu pai, o piloto Adalberto Baptista.
“Então, com tudo isso que foi feito, com todas as simulações, com tudo que foi colocado nesse projeto, eu te garanto que as vidas do Bruno e do JP foram salvas por este carro. E ele ainda insiste em dizer que o carro não é seguro, mas ele não tem ciência do que ele está falando. Ele e o pai dele deveriam agradecer porque hoje o filho dele tem vida, não tem nenhuma sequela.”
“Agora, eu não entendo por que depois de acidente grave em que ele está super bem e continua dizendo que o carro não é seguro, então desculpa, das três batidas em T que tiveram na história da Stock Car, os únicos vivos são eles, os outros anteriores não estão vivos, aqui para poder falar se o carro é bom ou ruim.”
Lincoln também afirmou que nos próximos anos o carro da Stock Car virá com atualizações na parte da segurança.
“Vai ter melhoria para o ano que vem? Vai ter para 2027, 2028, 2029, a gente vai evoluir nesse carro até aposentar esse modelo e criar um novo. Então, para nós, isso é supertranquilo.”
Foto de: Rafael Gagliano
Sobre um outro aspecto de segurança do novo carro, Lincoln fez questão de lembrar que há uma proteção contra fogo que raramente se vê em outras categorias, lembrando do caso de Helio Castroneves este ano.
“Vou te dar outro exemplo que foi bem emblemático. Falam que o carro é ruim de sair, mas pelo contrário. A trava não é tão forte, se você mete o pé ali ela abre. Já teve piloto que bateu ali o pé e saiu, como o Helio Castroneves, ele sai e cai no chão, mas o que foi?”
“Vamos recapitular, o carro pegou fogo? Não, não pegou fogo. O carro saiu muita fumaça? Saiu. Por quê? Porque todas as peças são feitas em fibra de vidro. É material inflamável. Quando a gente foi projetar esse carro, que estava em teste, ele andou mais de 10 mil quilômetros, ele teve um incidente e pegou fogo. Ninguém conseguiu apagar, e perdemos o carro inteiro.”
“E dissemos, ‘opa, excelente teste’. Nós vamos fazer o seguinte, as peças não podem pegar fogo. Então, conversamos com engenheiros e a gente achou uma resina retardante à chama. Então todas as peças que estão na frente do carro, todas as peças ali da frente do carro têm essa resina. Você pode perceber que nenhum carro até hoje pegou fogo em demasiado.”
“E aí o que aconteceu com o Helinho. Escapou uma mangueira, e aí começou a pegar fogo. O que é que o Helinho tinha que ter feito era ter parado o carro e saído dele. Mas ele não viu o fogo e continuou andando. Ele não seguiu a própria regra de segurança. E aí foi erro dele.”
“A fumaça entrou no cockpit e aí também tem vários pontos. ‘Por que que entrou tanta fumaça ali?’ Porque ele tem vários pontos que deveriam estar mais bem vedados e a montagem do carro cabe também à equipe. Demos o treinamento para todas as equipes de como fazer isso né? E ali tem muito buraco ali que talvez não foi bem vedado.”
“Então, veja quantos itens de segurança tem esse carro. Me fala carro que tem proteção antichama de corrida no Brasil. Não tem. Este é o único carro que tem proteção antichama, que usa a Kevlar nas portas para não ter penetração de nada. Então, ele tem uma série de componentes e itens de segurança que foram pensados e baseado nos melhores carros de corrida do mundo.”
Onde o Kevlar está no carro da Stock Car
Lincoln fez questão de retornar aos depoimentos de Bruno e Adalberto Baptista, sobre a segurança dos carros, ressaltando que em modelos anteriores, o destino poderia ser diferente.
“Falar que o carro não é seguro, olha, por Deus, mas o Bruno é a prova viva de que este carro é seguro. Se o Bruno tivesse uma sequela muito grave ou tivesse vindo a óbito, Deus me livre, o pai dele poderia falar o carro é inseguro e eu vou bater em cima disso.”
“Sendo bem sincero, é uma falta de respeito até com o automobilismo no Brasil por ter uma empresa, ter uma família que investe pesado em segurança, em preocupação em fazer bom evento e ainda ter pessoas desinformadas, que falam besteiras, não vou contrariar os engenheiros do IPT, da Espas, da ArcelorMittal, que só fazem isso, que estuda a vida inteira para falar sobre o assunto e eles ainda querem chegar aos 48 do segundo tempo e falar assim, ‘olha, esse carro não é seguro não.”
“Mas não tem problema, a gente tem todos os documentos pra mostrar, provar, e assim ele falou ‘eu não vou mais correr’, ótimo, está tudo bem, não quero obrigar ninguém a sentar no carro. E é assim tem que ser. Se o piloto entende que não é seguro, então ele que não sente no carro.”
“Agora, o que nós fizemos e o que nós provamos, é que o carro é extremamente seguro, este ano teve vários incidentes graves e todos os pilotos estão em casa, felizes. Talvez não o Bruno, mas todos estão bem de saúde, não tem ninguém com sequela ou parado por seis meses, não tem.”
MARKO FORA da RED BULL, Norris CALA BOCAS, BAND na F1, Max MAIOR e ano de BORTOLETO | TIAGO MENDONÇA
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