“Chateado”, Átila Abreu explica acionamento de push que rendeu punição para Campo Grande
Piloto da Shell V-Power teria utilizado botão de ultrapassagem quando estava apertando cinto de segurança antes da largada da corrida 1 em Santa Cruz do Sul
A temporada 2019 não está sendo das melhores para Átila Abreu. O piloto de Sorocaba teve que se ausentar das duas primeiras etapas do campeonato (Velopark e Velo-Ciità) por conta de uma contusão na coluna causada por um acidente no treino de classificação da abertura do campeonato.
As coisas pareciam que estavam voltando aos trilhos, com o pódio da primeira corrida em Santa Cruz do Sul, mas foi lá que o piloto da Shell V-Power viu novo revés. Nesta sexta-feira, durante o briefing (reunião de pilotos antes de cada etapa) foi anunciado que Átila não poderá ter botões de ultrapassagem em Campo Grande neste fim de semana por ter utilizado um push-to-pass no início da primeira prova do Rio Grande do Sul. A regra diz que o botão só poderá ser usado a partir do terceiro giro.
Após o anúncio oficial, Átila explicou o que exatamente aconteceu, em entrevista exclusiva ao Motorsport.com Brasil.
“A regra em si é muito complicada”, disse Átila. “Existem divergências por parte de todos os pilotos. Já houve um piloto que foi punido por isso anteriormente, o Gaetano (di Mauro), e no briefing seguinte, em Goiânia, os pilotos foram contra essa punição, pedindo para que pelo menos ele tivesse metade dos pushes e não a perda de 100%. Mas os comissários, direção de prova e organizador optaram em manter a punição, mesmo com todos os outros pilotos achando excessivo.“
“Porém, eles sempre falaram que pode acontecer de um piloto encostar sem querer, de rodar na largada e acabar batendo no botão e não se sabe o que fazer nesse caso porque o piloto não teve culpa, mas teve o acionamento. Nesse caso, eles sempre falaram que iriam analisar com um critério especial porque o piloto não teve a intenção de apertar o botão, admitindo que no passado deixaram de punir alguns pilotos.”
Em seguida, Átila explica como acabou acionando o botão em Santa Cruz do Sul: “Tínhamos 12 pushes em Santa Cruz e depois da largada, teve o primeiro safety car, eu olhei o painel e eu não tinha usado nenhum push, mas estava marcando 11. Perguntei para a equipe se não eram 12 e eles me confirmaram que eu só tinha 11, e que a minha luz havia ligado na largada.”
“Fiz a corrida, e depois baixamos os dados, subi até a torre para falar com os comissários, porque de fato ele acionou na largada, mas eu não estava entendendo, porque eu não apertei o botão. Fomos ver os dados e víamos que tinha o acionamento do push, mas não tinha o comando.”
“Explicamos, mandamos vídeo, fizemos toda defesa a eles para mostrar que não tive a intenção, não foi um ato deliberado. Após observarem as imagens, eles disseram que depois de uma série de análises, que eu poderia ter ativado o botão quando estava apertando o cinto de segurança, mas mesmo assim eles precisaram ver oito, nove, 10 vezes para conseguir achar isso, e resolveram me punir, fugindo um pouco daquele critério que eles mesmos falaram dentro do briefing.”
O piloto admite que após o acidente no Velopark, que toma cuidados redobrados para não sentir qualquer incômodo com a área afetada na coluna lombar, e a punição acrescentou um pouco mais de tristeza com o episódio.
“Eu tive um acidente no começo do ano (Velopark) e se de fato eu acabo encostando no botão foi quando eu estava apertando o cinto e eu apertei justamente querendo me garantir. Se eu esbarrei foi tentando me proteger de uma situação complicada que sofri no começo do ano. Ainda mais sabendo que tive uma gravidade devido às condições da pista.”
“Vimos recentemente o Dennis Dirani que bateu em Estoril (pela Porsche Cup) em uma batida muito mais forte e não sofrendo nada, estando a uma velocidade superior, e no meu caso, pelo autódromo não ter condições, acabei tendo um ferimento maior.”
“A Bia (Figueiredo) acabou batendo no S de alta, nas imagens vemos que os pneus estão soltos, assim como estava na minha situação, os pneus quase atingiram um bandeirinha, e pior, aquela região não era uma red zone, você poderia ter um fotógrafo ou outras pessoas lá, então, nada disso foi considerado. Não fiz o ato deliberado, e se houve o toque foi por eu estar tentando me proteger. Fiquei muito chateado por causa disso.”
Sem pushes para as duas provas, Átila disse como tentará amenizar os prejuízos.
“Óbvio que saio com um prejuízo grande, os outros adversários terão 11 pushes aqui e eu não vou ter nenhum. Estou trabalhando nas redes sociais para poder ganhar o fan-push, que pelo menos eu iria para a segunda corrida com uma bala na agulha e a estratégia vai depender de como vai se desenvolver os treinos e a tomada de tempo.”
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