Entrevista
Stock Car Interlagos II

Piquet lamenta 1º ano na Stock e cobra Full Time: “precisam se desenvolver”

Em primeira experiência, piloto critica CBA por falta de controle dos carros durante finais de semana de corrida

Nelsinho Piquet em Interlagos

Mesmo com dois pódios neste ano, a temporada de estreia de Nelsinho Piquet na Stock Car foi longe do que o piloto imaginava. Com falta de performance, o campeão inaugural da Fórmula E não teve equipamento para brigar pelas primeira posições sobretudo no início da temporada.

Na segunda metade do ano, sem poder piorar já que o time estava “no fundo do poço”, segundo palavras do próprio piloto, Nelsinho encontrou um pouco mais de ritmo e conseguiu almejar resultados melhores. Ele foi o quarto na pista na corrida 2 de Campo Grande, mas foi promovido a terceiro após a desclassificação de Ricardo Zonta, vencedor da corrida.

Na última etapa disputada, em Goiânia, ele foi o segundo após um bom final de semana. Entretanto, a sensação vindo para a última corrida do ano para Piquet – que ainda não confirmou se fica na Stock ou não – é de frustração

“Não foi a temporada que a gente imaginou ter no início do ano”, disse ao Motorsport.com.

“Mas a gente trabalhou da melhor forma possível para melhorar e continuar evoluindo corrida a corrida. Mas... o time nosso como equipe em si está alguns passos atrás. Não tem muito o que falar, eles precisam desenvolver mais e achar mais velocidade no carro porque estamos tomando muito.”

“Enfim, a equipe já esteve em uma das melhores condições, mas tem que voltar lá. Eles precisam investir e descobrir soluções. Então temos que trabalhar. Temos que agora continuar nesse ritmo de melhorarmos pouco a pouco.”

“Nosso carro não foi rápido o suficiente em geral, em todas as áreas. Só você comparar o Ricardinho Maurício: bicampeão da categoria e que ganhou a última corrida do ano passado com outra equipe, e neste ano está atrás de mim no campeonato. Não tenho muito o que falar.”

“A equipe melhorou um pouco. Pior do que estávamos no início do ano não dava para ficar. Já estávamos no fundo do poço e a gente foi melhorando corrida a corrida. O Felipe (Vargas), meu engenheiro novo aqui na Stock Car, foi aprendendo mais e mais e isso ajudou. Mas não tem o que fazer: pega o Gaetano di Mauro que está estreando agora. Claro que é um bom piloto, mas pegou um carro bom e já está andando na frente. Mas não tem como fazer nada: pega um piloto bom e bota em um carro ruim, como o Ricardinho Maurício, não tem milagre que faça andar. Não tem como.”

Uma das maiores polêmicas do ano foi uma mensagem de Maurício Ferreira para Rubens Barrichello em Londrina, após o piloto ter vencido a corrida 1. O chefe da Full Time desabafou a Rubens sobre as reclamações de seus outros pilotos durante a temporada, ironizando as criticas de só o carro de Barrichello andar bem. Nelsinho diz que entende a diferença na performance.

“O conjunto entre ‘Mau Mau’ (Maurício Ferreira, chefe da Full Time) e Rubinho já está formado há muito tempo. Eles se entendem bem, e isso é um fator”, disse.

“Eles acharam um chassi que eles gostam e mecânicos que são bons. Então, é obvio que quando vem um piloto que tem um ano de contrato eles não vão dar o melhor mecânico e o melhor chassi. Eles tentam fazer tudo o mais igual possível, mas é claro que o conjunto que eles têm há oito anos ou sete anos eles não vão passar isso para um outro time com um contrato de um ano.”

“Se eu estivesse com o Felipe há oito anos, seria diferente. Podemos ter reforços para o próximo ano, mas não significa que o time vá funcionar ou o chassi vá ser melhor. Mas é claro que isso não ocorre de propósito, mas certamente ali funciona melhor. Devem ter um carro melhor, um motor melhor – na maioria das corridas o nosso motor não tem sido muito bom.”

“Isso é normal, só que se você for ver no Meinha eles têm conseguido fazer três carros muito velozes. Então, falta o time fazer isso aqui. Aqui, como já temos a dificuldade de andar rápido, quando temos um carro que não está muito bom ficamos muito atrás. O Rubinho quando está ok, está entre os dez. Não está facilmente em primeiro. Está bem no campeonato, mas não tem sido fácil para ele também andar na frente.”

Perguntado sobre se uma temporada ruim como essa poderia fazê-lo sair da categoria ao fim desta temporada, Nelsinho não confirmou suas intenções.

“Eu acho que a categoria em si faz um bom trabalho”, seguiu.

“É só a CBA que é a mesma história há muitos anos. Não ajuda nenhum piloto a ir para fora, e também não tem um controle aqui. Isso é uma brincadeira. A categoria está fazendo um bom trabalho pela crise financeira que se tem hoje no Brasil. Temos um grid com gente boa aqui. É só a CBA que não faz o trabalho direito. A categoria não pode fazer tudo sozinha, tem que ter a CBA também.”

“Vontade de ficar seria mais ambiente de equipe, essas coisas. Estar em um ambiente bom e trabalhando com pessoas boas é o mais importante. Óbvio que ter um carro que não é competitivo às vezes não é legal. Mas a vontade maior é saber que você está com pessoas que você confia e elas não estão te enrolando.”

Falando mais sobre a CBA, Piquet fez críticas quanto à forma como os carros são analisados durante os fins de semana de corrida, sobretudo nas classificações.

“Você pode mexer em poucas coisas no carro, mas a CBA não tem um controle muito grande”, falou.

“O carro tem dez anos já. Os motores de certa forma, considerando que é o Brasil, são bem equalizados, mas o carro é muito feito à mão, muito artesanal. E tem coisas que é difícil de a CBA e a ZF controlarem. Obviamente todas as equipes têm que encontrar as áreas pouco claras do regulamento para ganhar vantagem, o que é normal. Todos fazem isso. Temos que encontrar vantagem onde dá.”

“Mas temos muitos detalhes que a CBA não controla. Você pega os pesos na classificação: a CBA não pesa os carros durante a classificação. Tudo bem que não pode abastecer, mas eu posso ir super leve para o Q1, vou para o Q2 e depois não vou para o Q3 para o meu carro não ser pesado. Mas pelo menos iria para o Q2 e poderia sair no top-10, o que já é muito melhor do que sair em 17º. Isso é um grande exemplo. Muita gente deve fazer isso e a CBA não presta atenção.”

“Não há uma bosta de uma balança para pesar todo mundo na entrada e na saída dos boxes. São coisas que por eles não fazerem, muita gente tira vantagem. Isso está errado? Sim e não, porque ninguém pesa – só se pesa os seis primeiros no Q3. Este é só um exemplo de vários que a CBA não tem controle.”

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