WEC Le Mans em São Paulo: todos os significados em uma corrida
Depois de dez anos, uma etapa do WEC (Campeonato Mundial de Endurance), com duração de seis horas, retornará ao Brasil
#83 AF Corse Ferrari 499P: Robert Kubica, Robert Shwartzman, Yifei Ye
Foto de: JEP / Motorsport Images
Gustavo Pires*
Em 14 de julho, no Autódromo de Interlagos, São Paulo dará início ao semestre mais eletrizante da história das competições de automobilismo internacional. Depois de dez anos, uma etapa do WEC (Campeonato Mundial de Endurance), com duração de seis horas, retornará ao Brasil.
Para os amantes dos esportes a motor trata-se da categoria mais charmosa, imediatamente associada à centenária 24 Horas de Le Mans, na França. Depois, em novembro e dezembro, Fórmula 1 e Fórmula E, em Interlagos e no circuito de rua do Sambódromo/Distrito Anhembi, respectivamente. Tudo em cinco meses.
As provas que fazem parte do WEC são cheias de significado. Na visão dos apreciadores dos esportes motorizados é a raiz do automobilismo disputado pelos modelos esportivos. Para os apreciadores dos carros, são protótipos com tecnologia embarcada envolvida por puro design automotivo; para os que buscam inovação são materiais colocados à prova por algumas das marcas mais luxuosas do mundo.
Até o cinema se rendeu ao seu charme: em 1971 foi lançado Le Mans, com Steve McQueen no papel principal. Um clássico do gênero. Mais recente, em 2019 Christian Bale e Matt Damon protagonizaram Ford vs Ferrari, em um belo exemplo da paixão pelos carros, não apenas pelas corridas.
Tudo isso é importante e fará com que Interlagos viva uma atmosfera festiva durante três dias — 12, 13 e 14. Por ser de longa duração, a organização preparou uma série de ativações, como exposição de carros, praça de alimentação, games e shows, visando ultrapassar os limites de um evento de automobilismo apenas — como se isso fosse pouco —, atraindo assim mais que os torcedores, também as famílias.
Na pista, nomes famosos como Jenson Button (ex-F1, campeão em 2009) e Valentino Rossi (nome emblemático no motociclismo), ao lado dos brasileiros Daniel Serra e Augusto Farfus. No total são 23 equipes, cada uma com três pilotos.
Para a cidade de São Paulo, o WEC é mais uma oportunidade de exposição positiva em todo o mundo. Principal centro de grandes eventos do País, a capital paulista faz dessas montagens experimentos lucrativos e, mais que isso, fundamentais para a manutenção dos empregos, principalmente no setor de serviços.
São hotéis, restaurantes, bares, comércio em geral e uma miríade de negócios aquecidos por conta da vinda de turistas. Em uma conta rápida, é possível afirmar que os eventos, de todos os tipos, temas e tamanho, mantêm pelo menos cem mil pessoas trabalhando na cidade.
Além desse volume, importa também o perfil, uma vez que para muitos jovens ou pessoas que, infelizmente, ainda não têm a qualificação necessária, os eventos são as portas que se abrem no mercado de trabalho. Apenas o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo, ofertou 800 vagas especificamente para o WEC.
São profissionais de almoxarifado, jardinagem e auxiliares de limpeza. Funções que, eventualmente invisíveis ou não valorizadas, são fundamentais para o funcionamento de uma engrenagem tão cheia de detalhes como os grandes eventos.
Gustavo Pires é presidente da SPTuris, empresa de turismo e eventos da Prefeitura de São Paulo
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