Coluna do Massa: fim de semana e opinião no caso Mercedes
Piloto brasileiro da Williams fala sobre corrida na Áustria e dá sua visão no toque entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton, ocorrido na última volta
Felipe Massa
Felipe Massa, piloto brasileiro de Fórmula 1 e que atualmente defende a Williams
Meu fim de semana no GP da Áustria não fez jus às expectativas. Minha equipe Williams Martini Racing estava otimista com o nosso desempenho na véspera do fim de semana do Red Bull Ring, e acreditávamos que poderíamos levar para casa pontos importantes com ambos os carros.
É claro que precisamos de alguns fatores para ir a nosso favor para entregarmos um bom resultado, mas no final as coisas acabaram por serem diferentes.
No meu caso, o fim de semana deu uma guinada para o pior após a classificação, porque até sábado tínhamos possibilidades reais de conseguir um bom resultado.
Infelizmente antes da corrida os engenheiros da Williams descobriram um problema com a minha asa dianteira, e o diagnóstico foi imediatamente claro: seria preciso substituí-la.
Parece que o contato com uma zebra havia criado uma rachadura na asa, e começaríamos a corrida nessa condição.
Devido aos regulamentos de parque fechado, tive que largar a corrida dos boxes. Estava enfrentando uma luta difícil, sempre preso atrás de outros carros.
O impacto disso foi que meus freios progressivamente começaram a superaquecer, e isso significou que tive de começar a deixar espaços para outros carros para fazer as temperaturas abaixarem. Mas, apesar do inconveniente, meu ritmo já era bom.
Eu tinha ido para o oitavo lugar e tinha colocado pneus que eu sabia que poderiam me levar até o final da corrida. Eu tinha Sergio Perez atrás de mim e, embora ele tivesse pneus mais frescos, ele estava com dificuldades em seu ritmo.
Mas, de repente, um dos meus pneus começou a perder pressão. Então eu tive que ir aos boxes para uma nova troca, e quando voltei estava preso atrás de muitos carros mais lentos. As temperaturas dos freios foram para as alturas, e a equipe, por precaução, decidiu me chamar de volta aos boxes para abandonarmos.
Foi uma pena porque, apesar de não termos o ritmo de Mercedes, Ferrari e Red Bull, ainda havia a possibilidade de terminar o fim de semana com pontos importantes para o campeonato.
O positivo do fim de semana foi que os pit stops foram novamente fantásticos – com o meu sendo o mais rápido. Está se tornando um bom hábito.
Felizmente não há muito tempo para lamentar o resultado do fim de semana na Áustria, porque o foco muda imediatamente para o GP da Grã-Bretanha, onde acreditamos que podemos entregar um resultado melhor. É a corrida de casa da Williams, e temos sido sempre competitivos lá. Por isso, espero que possamos continuar esta tradição.
Incidente da Mercedes
Voltando ao domingo passado, eu obviamente assisti ao duelo Hamilton/Rosberg. Tendo terminado a minha corrida mais cedo, vi ao vivo o que aconteceu entre os dois pilotos da Mercedes. Admito que inicialmente pensei ser um acidente de corrida.
Mas, mais tarde, graças aos replays, vi que a maior parte da responsabilidade foi de Nico Rosberg. Ele alongou demais antes de virar à direita naquela curva, aí o contato com Lewis foi inevitável.
Eu não acho que Nico queria jogá-lo fora da pista, mas ele o deixou com muito pouco espaço. Após a corrida, achei que eles não penalizariam ele, mas eu estava errado. Mesmo com a punição de dez segundos adicionada a seu tempo final, ele ainda terminou a corrida na quarta posição.
Não é fácil lidar com situações como esta. Talvez nas próximas corridas teremos ordens de equipe. Mas será que os pilotos vão obedecê-las? Devo dizer também que para os fãs, situações como a que tivemos na semana passada são emocionantes. Elas criam interesse e nos dão muito o que falar.
Acredito que o confronto entre eles dois seja a principal razão de haver grande atenção neste campeonato. Com dois pilotos que lutam pelo título com o mesmo equipamento, é possível que este confronto continue até a última corrida.
É bom para os espectadores, mas eu não gostaria de estar na pele de quem tem que gerenciar a equipe...
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