Entrevista

Haas: ter zona de pontos como meta não é arrogância

Em menos de um mês, carro da Haas entrará na pista de Barcelona para os testes de pré-temporada chefe da estreante na Fórmula 1 em 2016 estabelece metas ambiciosas; confira entrevista exclusiva

Haas livery
Sede da Haas F1 Team em Kannapolis, N.C.
Sede da Haas F1 Team em Kannapolis, N.C.
Sede da Haas F1 Team em Kannapolis, N.C.
Guenther Steiner, diretor da Haas F1 Team com Gene Haas, presidente da Haas Automotion
Gene Haas, Haas F1 Team
Haas F1 Team's Gunther Steiner, Romain Grosjean e Gene Haas
Gunther Steiner, Haas F1 Team, Romain Grosjean, Haas F1 Team e Gene Haas, Haas F1 Team
Gene Haas, Haas F1 Team
Gunther Steiner, Haas F1 Team e Romain Grosjean, Haas F1 Team
Sede da Haas F1 Team
Gene Haas, Haas F1 Team
Romain Grosjean, Haas F1 Team
Guenther Steiner, Haas F1 Team Principal
Guenther Steiner, Haas F1 Team Principal
Carlos Slim, Presidente de América Móvil, Esteban Gutiérrez Haas Team, Gene Haas Dueño del Equipo y Guenther Steiner Director el equipo
Esteban Gutiérrez y Gene  Haas, Presentación piloto F1 Equipo Haas

Em algumas semanas, a Haas finalmente vai estrear na pista, com o início dos testes de pré- temporada da Fórmula 1 em Barcelona. Mesmo antes disso, o time norte-americano tem gerado muito interesse, graças à parceria técnica com a Ferrari e aos pilotos contratados pela equipe, Esteban Gutierrez e, especialmente, Romain Grosjean.

Embora a história recente revele que a F1 não demonstra misericórdia com equipes novas - HRT e Caterham não duraram muito e a Manor vive com dificuldades - os que fazem parte da Haas acreditam que o time está melhor preparado para alcançar o sucesso.

Mas as declarações de que a equipe vai brigar pelos pontos nesta temporada são apenas um rampante de otimismo ou há base para tais palavras, graças ao modo como a Haas se estruturou para ingressar na categoria?

Jonathan Noble, do Motorsport.com, entrevistou com exclusividade o chefe da Haas, Gunther Steiner, e perguntou sobre os objetivos da equipe para o ano de estreia na F1, sobre a preparação da equipe, entre outros tópicos. Confira:

Falta menos de um mês para o carro da Haas entrar na pista. Como o trabalho tem progredido? Está tudo dentro do planejamento?

"Estamos dentro do prazo. Claro que há contratempos diários dentro da rotina, é normal. Mas temos um pessoal ótimo trabalhando conosco e logo chegará o momento em que entraremos na pista com nosso carro."

O carro será lançado na manhã do primeiro dia de testes em Barcelona. Em algum momento foi considerada a ideia de fazer um evento de lançamento da equipe?

"Não, a ideia nem passou por nossas cabeças porque não temos tempo para isso. Penso que não é mais possível fazer grandes eventos de lançamento porque você precisa desenvolver o projeto o máximo que puder, as ideias fluem até o último segundo."

"A cada dia que passa, os turnos de trabalho vão ficando mais longos, até que você termine em turnos de 24 horas. Isso acontece no momento, então não há tempo para grandes lançamentos ou algo do tipo."

E o shakedown do carro? Não seria muito arriscado colocar o carro na pista apenas no dia dos primeiros testes caso exista alguma falha grave?

"Se tivermos tempo, talvez façamos um dia de filmagens promocionais na véspera do início dos testes. Mas ainda estamos trabalhando no projeto, então vamos ver o que acontece."

Os fãs se mostraram muito interessados no progresso da equipe e o assunto do momento são as cores com as quais vocês vão correr em 2016. O que você pode dizer sobre o tema após a divulgação daquela imagem com um carro nas cores prata e preto?

"Que as pessoas vão saber exatamente como o carro é no dia 22 de fevereiro! Não darei dicas agora, quero que seja uma surpresa para todos."

Há uma série de prognósticos que dizem que, com o auxílio da Ferrari e o modo como vocês se prepararam para a estreia, vocês serão um forte concorrente no pelotão intermediário. Qual o potencial que você vê na equipe?

"Estabelecemos metas grandes para nós mesmos - pois você sempre quer fazer o melhor. Creio que agora algumas pessoas estão querendo dizer que exageramos em nossas metas, mas fomos honestos. Buscamos a zona de pontuação. Precisamos estabelecer metas grandes para alcançar algo."

"Não é nossa intenção soar arrogante ao dizer que vamos lutar por pontos, pois queremos isso. Mas o que mais queremos provar é que mesmo sendo uma equipe novata é possível conseguir algo na F1."

"Tomamos o tempo que achamos necessário para nos prepararmos da melhor maneira possível. A F1 é algo muito difícil para começar do zero. Mesmo com os dois anos que tivemos não é fácil. Mas trabalhamos duro nesse tempo, não ficamos 18 meses pensando e só executamos as ideias nos últimos seis meses."

"Queremos estar na F1 e sermos respeitados pelo bom trabalho realizado. Se isso significar terminar as corridas, tudo bem. Mas se pudermos ir além e pontuar, será fantástico. Não esperamos estar no pódio, temos metas claras e realistas."

Levará algum tempo para a equipe entender como a F1 funciona no lado operacional? Trata-se de uma nova equipe, há muito o que aprender. Quais são suas fraquezas?

"Fazer a equipe funcionar unida, como um time, é nossa principal tarefa no momento. Trabalhamos muito no projeto do carro, mas as atividades de pista serão feitas pela primeira vez na Austrália."

"Teremos apenas oito dias de testes antes disso em que poderemos trabalhar em conjunto. Embora já tenhamos feito isso na fábrica, em um final de semana a pressão é muito maior e o ambiente é totalmente diferente. Ainda não sabemos como será o trabalho em equipe."

O quanto ter a ajuda de Romain Grosjean - que já esteve em uma equipe grande - é importante no sentido de saber o que é necessário para que tudo funcione bem?

"Já ajudou, mas creio que ajudará mais ainda quando estivermos na pista. É lá que a experiência dos pilotos fala mais alto. No momento, enquanto ainda estamos na fábrica, não é o habitat natural de um piloto. Uma vez que estivermos testando, será bom ter a presença dele, dizendo o que é bom e o que não funciona, será algo muito importante. Queremos que ele foque naquilo que precisamos dele".

Creio que por isso seja essencial que a equipe tenha escolhido pilotos experientes, pois assim o time não pode culpá-los no caso de tudo dar errado.

"Exatamente. Ambos são experientes e fizeram parte de equipes grandes, o que vai nos ajudar muito - por isso os escolhemos, eles já estiveram nisso antes. Assim eliminamos as dúvidas. Como disse antes, não sabemos como será o trabalho em equipe. Eles já estiveram na F1, mas precisam trabalhar bem em conjunto."

Você sabe como as conversas e boatos se propagam no paddock, e no ano passado circularam conversas de que sobre o relacionamento Ferrari/Haas em relação ao uso dos túneis de vento. Você espera que os rivais fiquem de olho no que vocês vão fazer em 2016?

"Creio que sim, mas não vejo nada de errado nisso. Se eles sentirem que algo está errado, eles podem se manifestar e teremos boas respostas para isso. Em relação ao show, é bom ver uma equipe norte-americana surgindo do zero. Se formos bem, poderemos acrescentar muito à categoria. Espero que todos vejam isso como algo positivo.

Quando novos times surgiram no passado, o primeiro ano corria bem, pois as equipes haviam se preparado com calma, mas o segundo ano se tornava um desafio por existir a necessidade de trabalhar na temporada em curso e preparar um carro novo para a seguinte. A situação da Haas é ainda mais complicada por causa das incertezas quanto ao regulamento para 2017. Isso é uma preocupação para vocês?

"Em linhas gerais, concordo que a segunda temporada é sempre mais complicada. Vivi isso algumas vezes, então posso dizer que já pensamos bastante em 2017."

"O fato das regras ainda não estarem definidas não ajuda, mas é como digo ao meu pessoal: em 26 dias saberemos o que mudará - se nada for decidido até lá, as mudanças serão adiadas. São quatro semanas. Deveríamos nos desesperar com isso. Não, definitivamente."

"Espero que todos compareçam e decidam seguir em frente. De qualquer forma, saberemos o que precisará ser feito quando chegarmos ao final de fevereiro. Então há, sem dúvida, preocupação com 2017 desde já, pois sabemos que o segundo ano é sempre mais complicado."

O quanto você está empolgado, em um nível pessoal, com o novo desafio que é a F1?

"É empolgante, tenho trabalhado nisso há algum tempo. Quando você começa a desenhar a estrutura, parece que não vai dar certo, mas aqui estamos. O foco agora é fazer um bom trabalho e colocar em prática tudo o que pensamos nos últimos anos. Quando ligarmos o motor e colocarmos o carro na pista pela primeira vez será um momento único."

Você consegue sentir o apoio dos fãs, já que há muito interesse em sua equipe? 

"Todos na equipe estão ansiosos, estamos tentando não decepcionar nossos fãs. Creio que todos na F1 estão nos vendo como algo novo, um sopro de novidade. É muito bom sentir esse apoio - especialmente sendo uma equipe norte-americana. Espero que tenhamos novos fãs, aqueles que passarão a seguir a F1 por nossa causa".

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